quinta-feira, 28 de julho de 2011

Da série: "Medos" - Cuspir pra cima

Eu sempre soube que não se deve falar mal de criança, pois um dia você fatalmente pode pagar a língua... Já vi casos concretíssimos disso, do tipo: "Que horror essas crianças que dão show em supermercado, eu largava e ia embora!!" e agora está lá a mãe implorando pra filha parar de gritar e se comportar. O pior caso é quando alguém fala que uma criança é feia... isso não pode em hipótese nenhuma, pecado mortal!!

O fato é que não dos damos conta do quanto julgamos os outros até termos filhos. E como isso se torna delicado depois que eles nascem.

Somos capazes de emitir opinião sobre qualquer assunto, mesmo que não tenhamos quase nenhuma informação sobre ele. Um exemplo? O assunto do momento, a morte da Amy Winehouse. Sabemos que ela tinha um talento fora do comum, a companhia de pessoas duvidosas e uma péssima auto-estima. Mas alguns vão dizer que a culpa é dos pais por não a educarem direito, outros vão falar que é do ex-marido que a introduziu nesse mundo degradante das drogas e outros vão dizer que ela era fraca mesmo, que não tinha vontade de viver. Ou seja, fácil julgar não? Tá, esse é um exemplo distante de nós, mas quantas vezes não fazemos isso com as histórias de pessoas à nossa volta?

E por que é delicado fazermos isso depois de termos filhos? Porque simplesmente não sabemos o que será deles no futuro... Criamos os filhos com o maior amor do mundo, com base em nossos valores, e dando todo o suporte que eles precisam... mas as escolhas serão deles, e eles serão o que quiserem (nós pais gostando ou não). Nosso papel é ficarmos tranquilos por termos feito um bom trabalho e torcermos para que eles só encontrem pessoas boas e oportunidades pelo caminho.

Então quem me garante que no futuro, minha filha (que eu ainda posso ter) não pode vir a se apaixonar por um cara, morrer de amores e fazer más escolhas por causa disso? O cuspe pode demorar anos pra cair na testa.

Agora eu sei que por trás de cada pessoa que julgamos, apedrejamos ou falamos mal, existe uma mãe, que pode sofrer mais até do que a própria pessoa, e é no lugar dela que eu me coloco...

* Por via das dúvidas estou evitando até piadas de português, já que o João tem direito à cidadania.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Mãe ciumenta sim, e daí?!

Outro dia uma amiga minha, também mãe de primeira viagem, estava me contando como as pessoas reagiam quando ela se assumia uma "mãe ciumenta". Talvez surpresas com a honestidade dela, ou chocadas com essa mesma honestidade, as pessoas na maioria das vezes tentam mostrar que isso é algo errado...

Ah tá, dar piti por causa de periguetes no facebook do namorado/marido é sinal de que a mulher se preocupa com a relação e está cuidando dela. Mas sentir ciúmes daquela pessoinha que ficou grudada, literalmente, em você por 9 meses é sinal de desequilíbrio e despreparo.

Se existem mães, que quando se tornam mães, já estão preparadas pro fato de que o filho é para o mundo, ótimo! Parabéns pra elas! E se existem mães, que precisam aprender muito ainda, ótimo também! Que venham mais 5 filhos pra me ensinar, nem vou achar ruim...

Claro, o bebê não é o brinquedo da mãe. É uma pessoa em formação, que um dia irá pro mundo sim, e que irá conviver com todo tipo de pessoa, boas e ruins, irá se decepcionar, se machucar...e toda mãe sabe disso, por mais protetora que seja.

O que as pessoas não entendem é que a ligação exclusiva mãe-filho, que durou 9 meses, não se altera no momento do corte do cordão umbilical... pra algumas mães sim, pra outras demora mais tempo. E é natural que essas se incomodem com algumas situações em que seu filho está exposto. Cada um tem seu tempo.

Já liguei muito, mas hoje não ligo mais que pensem que sou ciumenta demais, sabe porquê? Porque esse filho foi muito desejado e esperado por nós, e ninguém esteve ao meu lado em cada mês que eu constatava que não seria daquela vez que ele viria... a dor, a frustração, a ansiedade, só eu senti... e por ele ser minha grande vitória, me permito desfrutá-la do jeito que eu acho melhor.

E aos pouquinhos, sem grandes traumas, ele será conduzido ao mundo... Mas enquanto ele é só um bebê gordinho eu vou aproveitar bastante, antes que ele aprenda a falar: "Mãe, você está me sufocando!" ou antes que ele encontre uma namorada, dessas que vai ter ataque por causa do facebook...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A vida pós-parto

Hoje estava lendo o blog "além dos 140 caracteres", onde a Bic Muller descreve as agruras de uma grávida e seu ouvido de penico, e não pude deixar de fazer a correlação de cada coisa que ela escrevia com as situações do pós-parto... Pra entender melhor, tá aqui o post dela, e agora vou fazer minhas atualizações...

Depois que seu filho nasce, na maternidade você continua ouvindo: "Aproveita a mordomia pra dormir, porque depois você não vai dormir mais". Bom, passados 2, 3 dias, já em casa, passa a ser oficial "Você não vai domir nunca mais". E eu, ainda caía na besteira de perguntar "nunca mais???", - "não, nunca" (acompanhado do sorriso sarcástico). Isso é mentira, porque com muita paciência pra estabelecer a rotina, algumas dicas do Nana Nenê (que serviu no meu caso, claro), é possível sim dormir por pelo 6 horas seguidas... Bebês não são criaturas maquiavélicas criadas para transformar mães e pais em zumbis (tá, alguns são vai...).

Se gravidez não é doença, imagina quando a "desculpa" já saiu da sua barriga. Mãe não tem direito de ficar doente, de passar mal... aliás, se você cair dura no chão ninguém vai notar mesmo, já que os olhos de todos vão estar no bebê (ah claro, mas vão te criticar porque você desmaiou e não vai poder amamentá-lo, e ele vai passar fome).

As pessoas continuam a pregar tragédias, só que agora ligadas à doenças infantis, acidentes domésticos e má alimentação.

O "não pode" continua também, só que agora relacionado à criança: "não pode dar banho à noite"; "não pode dormir assim, assado"; fora os milhares de causos, lendas e superstições que você ouve. (O "não pode" se estende a você quando o que você faz pode atingir o bebê, do tipo: "você não pode comer chocolate que dá cólica no bebê").

O buda deixa de ser a barriga, e passa a ser, lógico, o bebê! As pessoas não se contentam apenas em olhá-lo e interagir com ele. Tem que pegar. Tem que apertar. E o pior: tem que beijar... a bochecha, a testa, e claro, a mão! (A mão é o pior de todos, porque desde cedo os bebês já a levam à boca, logo... não precisa nem assistir ao Bem Estar pra saber o caminho dos vírus e bactérias).

As críticas continuam (e não devem sumir nunca mais). E você tem que conviver com os grupos extremistas... amamentação exclusiva X complementação; fralda descartável X fralda de pano; babá X creche X mãe; xi... não tem fim. A palavra MÃE já traz embutidas as palavras culpa e julgamento. Funciona mais ou menos como a bunda, só porque todo mundo tem acha que sabe tudo sobre ela e pode dar pitaco...

E você continua tendo suas atitudas analisadas, porque agora você serve de modelo para o filho, e crianças absorvem tudo. Ou seja, além de não dormir nunca mais, você também nunca mais vai poder falar palavrão.

Mas sabe o melhor de tudo isso? É que ao olhar pro serzinho que saiu de dentro de você, e que está bem, saudável, sorrindo e crescendo, você nem liga pra nenhuma dessas coisas...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Muito prazer, Sr. Brócolis!

Preciso registrar esse fato, até então inédito na minha vida: eu, por livre e espontânea vontade, peguei uma bandeja de brócolis no supermercado, e ainda escolhi a mais bonita!!

Explico: tenho uma grave ligeira aversão a esse vegetal... Deve ter alguma relação com o cheiro que fica pela casa (mais conhecido como "fedô", mesmo). Conto nos dedos de uma mão (tá bom, em metade dela vai...) às vezes que eu comi camuflado no arroz.

Mas... A maternidade muda tudo... E acaba com essas frescuras também. Traz a responsabilidade de se formar um ser humano, e a neurose vontade de acertar.

Ser mãe é quebrar velhos paradigmas, mudar hábitos, buscar o melhor. É entender que somos "exemplo" agora, e que precisamos fazer aquilo que queremos que nossos filhos também façam.

O próximo passo é criar coragem pra comprar a bandeja de fígado...



Essa é a prova de que o brócolis estava lá (junto com a couve-flor, vejam só!)
e outras coisinhas saudáveis

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Qual o prazo da cólica mesmo???

Depois que o bebê nasce, a terceira pergunta mais feita (depois de: 1-Ele tá mamando no peito?; 2-Quando você volta a trabalhar?) é 3-Já começaram as cólicas? E você, na inocência de não saber do que se trata, responde: "Não sei, ele chora de vez em quando, mas não tenho certeza se é ou não"... Se você não sabe se é, é porque não é... Quando for você terá a certeza disso.

Me disseram que a maldita aparecia com 25 dias e sumia por volta dos 3 meses... E com o João foi batata. No 25o dia lá estava ela, sem dúvida nenhuma, estridente, massacrante, como a primeira experiência (bem traumática, por sinal) que a mãe tem de ver um filho sofrer e não conseguir fazer muita coisa (ou às vezes nada) por ele. Nas primeiras vezes eu quase cheguei a gritar junto, tamanho o desespero... Mas entre todas as receitas milagrosas que se ouve nessas horas, uma coisa é verdade, é preciso ficar tranquila para passar tranquilidade pra ele. E assim continuou sendo, dia sim, dia também...

O "mesversário" de 3 meses foi tão aguardado por mim, não só por ele deixar de ser recém-nascido (dizem que é quando eles completam 1 ano = 9 meses na barriga + 3 fora dela), mas porque eu achei que assim como a cólica veio na data certeira, ela certamente ia embora também... Mas não... E aí me falaram que até os 6 meses era normal que continuasse...

Então, os 6 meses chegaram... E com eles a esperança de que eu me livraria de vez do luftal, da bolsa térmica e da funchicórea (meu trio socorro). Mas (de novo) não... Com os 6 meses também vieram as papinhas, e com elas uma adaptação muito maior do que ele teve que passar com o leite.

Essa semana aprendi que papinha com couve por muito tempo seguido não é legal... E que os testes vão ter que ser feitos com cada alimento pouco a pouco. Enquanto isso o "trio socorro" continua a postos, juntamente com uma dose extra de paciência e uma pitada de esperança de que isso um dia vai passar de vez...