Imagine um trabalho onde você demora alguma horas pra organizar uma planilha, e quando ela já está bonitinha vem alguém e deleta... e você tem que fazer tudo de novo... e de novo, e de novo...
Ou então um emprego em que a hora do almoço não é fixa, depende das necessidades do chefe ou do cliente. E isso também vale pro horário de entrada e saída, o que muitas vezes não significa nada, porque pode soar um alarme e você tem que estar a postos seja a hora que for.
E o pior, um trabalho em que você se esforça ao máximo, tenta fazer tudo perfeito, literalmente dá o seu sangue, mas na maioria das vezes isso nem é reconhecido.
Pois é, esse é o meu emprego atual: sou uma full time mom.
E sim, foi escolha minha. Apoiada e amparada pelo meu marido e companheiro de jornada, Alexandre.
A planilha representa tudo aquilo que passou a acontecer em looping na minha vida: mamadeiras, fraldas, louça na pia, roupa pra lavar e passar, casa pra arrumar... um trabalho sem fim... Meu chefe é o João. O alarme, seu choro.
E aí você me pergunta: "Por que raios você fez essa escolha se só falou coisas ruins?". Porque sobre as coisas boas eu não preciso falar, isso já está intrínseco à opção de "parar de trabalhar pra ficar com meu filho", e elas são infinitamente maiores do que as ruins. E por isso as pessoas acham que essa é a decisão mais fácil a se tomar, "já que eu vou ficar em casa SÓ cuidando do filho".
Pois bem, NÃO foi uma decisão fácil, tive que abrir mão de várias coisas, mas pesando tudo achei que o mais importante nesse momento era acompanhar o desenvolvimento do meu filho de perto.
Se estou feliz? Muito! Poder ver cada descoberta dele, cada coisa nova que ele começa a fazer, dar colo quando ele precisa, alimentá-lo, e ver aquele sorriso acompanhado de um brilho nos olhos (aquele que o João dá só pra mim) não tem preço.... ou melhor, pagaria qualquer preço por tudo isso... até aguentar os julgamentos e comentários maldosos de que estou fora do padrão feminino atual que consegue conciliar tudo (eu pedi pra alguém queimar o sutiã?? Não né, então...).
Como li em um comentário de um blog (que não lembro qual) outro dia, estou em "stand by da carreira corporativa", mas trabalhando como nunca antes trabalhei na vida! E no projeto mais lindo de todos: meu filho...
quarta-feira, 22 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Amamentar é tudo de bom!! (Desmame natural é o escambáu!) - Parte 2
Depois de todo o tropé do início da vida alimentar do meu filho, tudo se ajeitou na melhor dinâmica pra mim e pro João... quer dizer, "dinâmicas" porque cada vez que eu entendia o padrão da fome dele e estabelecia a rotina, pronto: alguma coisa mudava, uma hora era o tempo que ele mamava no peito, outra hora era o intervalo, e em outras a sequência. Mas uma coisa que não mudou é que desde o começo ouvi o comentário: "Nossa, ele já toma mamadeira e ainda não largou o peito?", como se fosse uma previsão catastrófica de Nostradamus...
O fato é que nunca pensei muito em como seria quando eu parasse de amamentar o João, era muito difícil de imaginar se seria com 2 anos, 1 ano ou dali algumas semanas... também não sabia se ele largaria por vontade própria ou se eu teria que fazer o desmame gradual por algum motivo. Mas confesso que em algumas vezes, principalmente quando estava estressada e fora de casa, apelei somente pra mamadeira como uma solução imediata.
Bom, e acabou sendo com quase 5 meses, por vontade dele (se é que isso é possível), quando ele começou a mamar cada vez menos e a produção de leite não resistiu a isso... foi assim, de uma forma "natural"... Natural pra quem mesmo?? Pra mim é que não foi!!!
Depois do corte do cordão umbilical, que é o primeiro sinal de aquela coisinha tão sua por 9 meses está indo para o mundo, parar de amamentar foi pra mim o segundo grande choque. Como se agora qualquer um pudesse tomar o meu lugar como provedora alimentar (tá, coisa de mãe neurótica e insegura, mas foi assim que me senti, oras!). Mas com o tempo fui pensando racionalmente e vendo que o me define como mãe vai muito além de cuidar das necessidades básicas dele e é muito mais forte, não que não soubesse disso antes, mas percebi que mesmo que outra pessoa fizesse tudo isso no meu lugar minha ligação com ele é eterna e que o cordão umbilical continua lá, em uma ligação invisível.
*Como não é sempre que essa segurança racional me consome, por via das dúvidas, continuo fazendo questão de ser eu quem alimenta o João, seja com a mamadeira ou com as papinhas (que começaram a ser introduzidas).
O fato é que nunca pensei muito em como seria quando eu parasse de amamentar o João, era muito difícil de imaginar se seria com 2 anos, 1 ano ou dali algumas semanas... também não sabia se ele largaria por vontade própria ou se eu teria que fazer o desmame gradual por algum motivo. Mas confesso que em algumas vezes, principalmente quando estava estressada e fora de casa, apelei somente pra mamadeira como uma solução imediata.
Bom, e acabou sendo com quase 5 meses, por vontade dele (se é que isso é possível), quando ele começou a mamar cada vez menos e a produção de leite não resistiu a isso... foi assim, de uma forma "natural"... Natural pra quem mesmo?? Pra mim é que não foi!!!
Depois do corte do cordão umbilical, que é o primeiro sinal de aquela coisinha tão sua por 9 meses está indo para o mundo, parar de amamentar foi pra mim o segundo grande choque. Como se agora qualquer um pudesse tomar o meu lugar como provedora alimentar (tá, coisa de mãe neurótica e insegura, mas foi assim que me senti, oras!). Mas com o tempo fui pensando racionalmente e vendo que o me define como mãe vai muito além de cuidar das necessidades básicas dele e é muito mais forte, não que não soubesse disso antes, mas percebi que mesmo que outra pessoa fizesse tudo isso no meu lugar minha ligação com ele é eterna e que o cordão umbilical continua lá, em uma ligação invisível.
*Como não é sempre que essa segurança racional me consome, por via das dúvidas, continuo fazendo questão de ser eu quem alimenta o João, seja com a mamadeira ou com as papinhas (que começaram a ser introduzidas).
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Amamentar é tudo de bom!! (Mas, porém, todavia, contudo, entretanto...) - Parte 1
Eu só queria que tivessem me dito que, assim como os partos nas novelas passam longe da realidade, amamentar às vezes não é algo instantâneo... que na hora que você pega o seu bebê no colo institivamente ele acha seu seio, faz a pega corretinha, o leite desce como mágica e pronto, tudo deu certo! Talvez se tivessem me avisado antes não teria sofrido tanto e todo o processo depois fosse um pouco diferente...
Os primeiros dias na maternidade compõem uma experiência surreal, extracorpórea, onde você está tentando se encontrar novamente depois de 9 meses estando acompanhada (e "puft" não estando mais...), sentindo as consequências de uma cirurgia (no meu caso...), conhecendo aquele serzinho que já faz parte da sua vida há algum tempo, mas que traz tantos mistérios com ele, sem contar visitas, visitas e mais visitas... Juro que lembro desses dias como se eu estivesse fora do meu corpo, assistindo o que se passava de longe... E no meio disso tudo você tem que "descobrir" como alimentar esse pedacinho de gente que depende exclusivamente de você.
Comigo não foi nada como dizem, seguindo o instinto (talvez tenha sido anestesiado junto na cirurgia...), meu leite não descia, meu bico não ajudava e meu bebê só dormia... e eu fui ficando mais apavorada cada vez que uma visita entrava no quarto e me perguntava se ele estava mamando... Quando alguém fazia essa pergunta meu "nível de responsabilidade" soava um alarme... Só entendi o tamanho do problema quando minha obstetra ao me dar alta disse para eu não me preocupar, pois se eu não pudesse amamentar eu não seria menos mãe por isso... Como assim "não puder amamentar"??? Isso nunca passou pela minha cabeça, achei que acontecesse em casos excepcionais, e que comigo aconteceria da forma natural... E é claro que o desespero só aumentou...
Mas aí fomos pra casa, o João acordou pra vida, o leite começou a descer e pedi ajuda pra um bico de silicone... às vezes parecia que tudo se encaixava, fazia tudo certinho e pronto; mas em outras... ele berrava e brigava, não conseguia pegar, e eu me desesperava... a sensação de que você está fazendo algo errado e seu filho está sofrendo é algo inexplicável, eu só conseguia chorar junto com ele... Até que na mesma semana fomos na pediatra, porque o João estava muito amarelinho, e sabia que aquilo não era nada bom... de cara ela já diagnosticou a icterícia e disse que provavelmente era porque ele não estava mamando e não estava evacuando, por isso o nível de bilirrubina alto... esse foi o ápice pra mim da mãe incapaz, que estava fazendo seu filho passar fome, e não sei nem descrever o que senti... E então fomos internados, ele fez banho de luz, ficou ótimo e a pediatra (um anjo na nossa vida) me ensinou o passo a passo da amamentação, me tranquilizou, mostrou que aquilo tudo era normal, e que por ele ser grande não seria ruim entrar com a complementação (leite em fórmula).
As coisas foram se acertando, nessa dupla peito + complemento, e talvez meu desespero de mãe de primeira viagem tenha feito do leite em fórmula uma muleta, uma garantia de que meu filho estaria bem caso eu falhasse em alguma coisa... Enfim, se errei ou não foi no desespero de tentar acertar...
Mas aquele momento em que eu estava com meu filho nos braços era "O" momento... só meu e do João... e por isso nunca gostei que as pessoas presenciassem muito, porque naquela hora era eu pra ele, e ele pra mim... Posso ter duvidado que eu seria suficientemente capaz de alimentá-lo do jeito que ele precisava, mas eu sempre tive certeza de que em todo esse processo mais do que alimento, eu estava transmitindo muito amor pra ele...
Sou a favor de que a mãe busque o melhor para seu filho, da forma como ela conseguir e que seja bom pra ela também, pois é preciso estar inteira nesse processo... seja fazendo mamaço pra defender seu direito de amamentar em público, seja acordando a noite inteira pra amamentar seu filho, seja buscando o melhor leite em fórmula, mas é preciso que pessoas que não tiveram experiências como as que foram idealizadas também tenham espaço pra falar, para que outras mães não se sintam tão anormais caso aconteça com elas também...
Os primeiros dias na maternidade compõem uma experiência surreal, extracorpórea, onde você está tentando se encontrar novamente depois de 9 meses estando acompanhada (e "puft" não estando mais...), sentindo as consequências de uma cirurgia (no meu caso...), conhecendo aquele serzinho que já faz parte da sua vida há algum tempo, mas que traz tantos mistérios com ele, sem contar visitas, visitas e mais visitas... Juro que lembro desses dias como se eu estivesse fora do meu corpo, assistindo o que se passava de longe... E no meio disso tudo você tem que "descobrir" como alimentar esse pedacinho de gente que depende exclusivamente de você.
Comigo não foi nada como dizem, seguindo o instinto (talvez tenha sido anestesiado junto na cirurgia...), meu leite não descia, meu bico não ajudava e meu bebê só dormia... e eu fui ficando mais apavorada cada vez que uma visita entrava no quarto e me perguntava se ele estava mamando... Quando alguém fazia essa pergunta meu "nível de responsabilidade" soava um alarme... Só entendi o tamanho do problema quando minha obstetra ao me dar alta disse para eu não me preocupar, pois se eu não pudesse amamentar eu não seria menos mãe por isso... Como assim "não puder amamentar"??? Isso nunca passou pela minha cabeça, achei que acontecesse em casos excepcionais, e que comigo aconteceria da forma natural... E é claro que o desespero só aumentou...
Mas aí fomos pra casa, o João acordou pra vida, o leite começou a descer e pedi ajuda pra um bico de silicone... às vezes parecia que tudo se encaixava, fazia tudo certinho e pronto; mas em outras... ele berrava e brigava, não conseguia pegar, e eu me desesperava... a sensação de que você está fazendo algo errado e seu filho está sofrendo é algo inexplicável, eu só conseguia chorar junto com ele... Até que na mesma semana fomos na pediatra, porque o João estava muito amarelinho, e sabia que aquilo não era nada bom... de cara ela já diagnosticou a icterícia e disse que provavelmente era porque ele não estava mamando e não estava evacuando, por isso o nível de bilirrubina alto... esse foi o ápice pra mim da mãe incapaz, que estava fazendo seu filho passar fome, e não sei nem descrever o que senti... E então fomos internados, ele fez banho de luz, ficou ótimo e a pediatra (um anjo na nossa vida) me ensinou o passo a passo da amamentação, me tranquilizou, mostrou que aquilo tudo era normal, e que por ele ser grande não seria ruim entrar com a complementação (leite em fórmula).
As coisas foram se acertando, nessa dupla peito + complemento, e talvez meu desespero de mãe de primeira viagem tenha feito do leite em fórmula uma muleta, uma garantia de que meu filho estaria bem caso eu falhasse em alguma coisa... Enfim, se errei ou não foi no desespero de tentar acertar...
Mas aquele momento em que eu estava com meu filho nos braços era "O" momento... só meu e do João... e por isso nunca gostei que as pessoas presenciassem muito, porque naquela hora era eu pra ele, e ele pra mim... Posso ter duvidado que eu seria suficientemente capaz de alimentá-lo do jeito que ele precisava, mas eu sempre tive certeza de que em todo esse processo mais do que alimento, eu estava transmitindo muito amor pra ele...
Sou a favor de que a mãe busque o melhor para seu filho, da forma como ela conseguir e que seja bom pra ela também, pois é preciso estar inteira nesse processo... seja fazendo mamaço pra defender seu direito de amamentar em público, seja acordando a noite inteira pra amamentar seu filho, seja buscando o melhor leite em fórmula, mas é preciso que pessoas que não tiveram experiências como as que foram idealizadas também tenham espaço pra falar, para que outras mães não se sintam tão anormais caso aconteça com elas também...
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