quinta-feira, 16 de junho de 2011

Amamentar é tudo de bom!! (Mas, porém, todavia, contudo, entretanto...) - Parte 1

Eu só queria que tivessem me dito que, assim como os partos nas novelas passam longe da realidade, amamentar às vezes não é algo instantâneo... que na hora que você pega o seu bebê no colo institivamente ele acha seu seio, faz a pega corretinha, o leite desce como mágica e pronto, tudo deu certo! Talvez se tivessem me avisado antes não teria sofrido tanto e todo o processo depois fosse um pouco diferente...

Os primeiros dias na maternidade compõem uma experiência surreal, extracorpórea, onde você está tentando se encontrar novamente depois de 9 meses estando acompanhada (e "puft" não estando mais...), sentindo as consequências de uma cirurgia (no meu caso...), conhecendo aquele serzinho que já faz parte da sua vida há algum tempo, mas que traz tantos mistérios com ele, sem contar visitas, visitas e mais visitas... Juro que lembro desses dias como se eu estivesse fora do meu corpo, assistindo o que se passava de longe... E no meio disso tudo você tem que "descobrir" como alimentar esse pedacinho de gente que depende exclusivamente de você.

Comigo não foi nada como dizem, seguindo o instinto (talvez tenha sido anestesiado junto na cirurgia...), meu leite não descia, meu bico não ajudava e meu bebê só dormia... e eu fui ficando mais apavorada cada vez que uma visita entrava no quarto e me perguntava se ele estava mamando... Quando alguém fazia essa pergunta meu "nível de responsabilidade" soava um alarme... Só entendi o tamanho do problema quando minha obstetra ao me dar alta disse para eu não me preocupar, pois se eu não pudesse amamentar eu não seria menos mãe por isso... Como assim "não puder amamentar"??? Isso nunca passou pela minha cabeça, achei que acontecesse em casos excepcionais, e que comigo aconteceria da forma natural... E é claro que o desespero só aumentou...

Mas aí fomos pra casa, o João acordou pra vida, o leite começou a descer e pedi ajuda pra um bico de silicone... às vezes parecia que tudo se encaixava, fazia tudo certinho e pronto; mas em outras... ele berrava e brigava, não conseguia pegar, e eu me desesperava... a sensação de que você está fazendo algo errado e seu filho está sofrendo é algo inexplicável, eu só conseguia chorar junto com ele... Até que na mesma semana fomos na pediatra, porque o João estava muito amarelinho, e sabia que aquilo não era nada bom... de cara ela já diagnosticou a icterícia e disse que provavelmente era porque ele não estava mamando e não estava evacuando, por isso o nível de bilirrubina alto... esse foi o ápice pra mim da mãe incapaz, que estava fazendo seu filho passar fome, e não sei nem descrever o que senti... E então fomos internados, ele fez banho de luz, ficou ótimo e a pediatra (um anjo na nossa vida) me ensinou o passo a passo da amamentação, me tranquilizou, mostrou que aquilo tudo era normal, e que por ele ser grande não seria ruim entrar com a complementação (leite em fórmula).

As coisas foram se acertando, nessa dupla peito + complemento, e talvez meu desespero de mãe de primeira viagem tenha feito do leite em fórmula uma muleta, uma garantia de que meu filho estaria bem caso eu falhasse em alguma coisa... Enfim, se errei ou não foi no desespero de tentar acertar...

Mas aquele momento em que eu estava com meu filho nos braços era "O" momento... só meu e do João... e por isso nunca gostei que as pessoas presenciassem muito, porque naquela hora era eu pra ele, e ele pra mim... Posso ter duvidado que eu seria suficientemente capaz de alimentá-lo do jeito que ele precisava, mas eu sempre tive certeza de que em todo esse processo mais do que alimento, eu estava transmitindo muito amor pra ele...

Sou a favor de que a mãe busque o melhor para seu filho, da forma como ela conseguir e que seja bom pra ela também, pois é preciso estar inteira nesse processo... seja fazendo mamaço pra defender seu direito de amamentar em público, seja acordando a noite inteira pra amamentar seu filho, seja buscando o melhor leite em fórmula, mas é preciso que pessoas que não tiveram experiências como as que foram idealizadas também tenham espaço pra falar, para que outras mães não se sintam tão anormais caso aconteça com elas também...

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