Imagine um trabalho onde você demora alguma horas pra organizar uma planilha, e quando ela já está bonitinha vem alguém e deleta... e você tem que fazer tudo de novo... e de novo, e de novo...
Ou então um emprego em que a hora do almoço não é fixa, depende das necessidades do chefe ou do cliente. E isso também vale pro horário de entrada e saída, o que muitas vezes não significa nada, porque pode soar um alarme e você tem que estar a postos seja a hora que for.
E o pior, um trabalho em que você se esforça ao máximo, tenta fazer tudo perfeito, literalmente dá o seu sangue, mas na maioria das vezes isso nem é reconhecido.
Pois é, esse é o meu emprego atual: sou uma
full time mom.
E sim, foi escolha minha. Apoiada e amparada pelo meu marido e companheiro de jornada, Alexandre.
A planilha representa tudo aquilo que passou a acontecer em looping na minha vida: mamadeiras, fraldas, louça na pia, roupa pra lavar e passar, casa pra arrumar... um trabalho sem fim... Meu chefe é o João. O alarme, seu choro.
E aí você me pergunta: "Por que raios você fez essa escolha se só falou coisas ruins?". Porque sobre as coisas boas eu não preciso falar, isso já está intrínseco à opção de "parar de trabalhar pra ficar com meu filho", e elas são infinitamente maiores do que as ruins. E por isso as pessoas acham que essa é a decisão mais fácil a se tomar, "já que eu vou ficar em casa SÓ cuidando do filho".
Pois bem, NÃO foi uma decisão fácil, tive que abrir mão de várias coisas, mas pesando tudo achei que o mais importante nesse momento era acompanhar o desenvolvimento do meu filho de perto.
Se estou feliz? Muito! Poder ver cada descoberta dele, cada coisa nova que ele começa a fazer, dar colo quando ele precisa, alimentá-lo, e ver aquele sorriso acompanhado de um brilho nos olhos (aquele que o João dá só pra mim) não tem preço.... ou melhor, pagaria qualquer preço por tudo isso... até aguentar os julgamentos e comentários maldosos de que estou fora do padrão feminino atual que consegue conciliar tudo (eu pedi pra alguém queimar o sutiã?? Não né, então...).
Como li em um comentário de um blog (que não lembro qual) outro dia, estou em "
stand by da carreira corporativa", mas trabalhando como nunca antes trabalhei na vida! E no projeto mais lindo de todos: meu filho...